quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

Mehemet - 68

 

Mehemet tem quatro aninhos acabadinhos de fazer e chegou a Portugal há um mês, vindo do Bangladesh, seu país de origem.

Mehemet fala Bangladesh e Inglês e claro, vai aprender Português, porque brevemente vai para a escola portuguesa. Por isso, a minha função é ir ensinando, introduzindo umas palavras aqui e ali, quando ele está disposto a isso. Penso que na cabecinha dele já deve ir uma grande confusão com tantas línguas em tão pouca idade.

Mehemet é um fofo muito fofo. Parece um homem em miniatura, porque tem atitudes de homem, reacções, gestos, etc…, que têm imensa graça por ser pequenino. É muito bem disposto, muito comunicativo e já me adoptou como “grandma”.

Outro dia fui passear com ele e comecei a dizer-lhe algumas palavras em português. Passaram vários aviões e eu dizia-lhe “avião” e ele repetia. Também passaram cães e eu ia-lhe dizendo “cão” e ele repetindo. Depois passámos em frente à escola e eu disse-lhe “escola”. Mehemet mais uma vez repetiu o que eu disse. Mas depois passou um autocarro e eu disse-lhe “autocarro”. E Mehemet olhou para mim com o dedo indicador esticado e disse “bus”(!). Ok, disse eu, ignorando, ao mesmo tempo que repeti “autocarro”. Mas Mehemet definitivamente não queria saber do autocarro e mais uma vez olhou para mim e engrossando a voz subiu o tom e com o dedo bem firme voltou a dizer “bus, buuuuuuus”(!)…

 

O Skype - 67

 

Sofia era pequenina, com menos de um ano. O pai estava em Inglaterra a trabalhar na Microsoft, mais precisamente em Cambridge, onde ela nasceu. Trabalhava dez dias lá e o resto do mês vinha para Portugal onde continuava a trabalhar em casa. Mas nesses dez dias de cada mês em que tinha que estar em Inglaterra, as saudades eram muitas, apesar de se falarem com frequência.

Um dia em que eu estava com ela, o pai ligou do skype e pus o telemóvel na frente dela para ela ver e ouvir o pai, enquanto ele falava com ela. Ela olhou e com ar de doutora apressou-se a espreitar atrás do telemóvel dando-lhe uma volta de cento e oitenta graus. Na sua cabecinha podia ler-se: mas que raio, que está ele a fazer ali dentro e não vem cá para fora?!...