sexta-feira, 1 de novembro de 2013

O Banco - 33


A Sofia que está com dois aninhos tem um mealheiro que esta avó lhe comprou quando era ainda muito pequenina. Lembro-me de que as primeiras moedas tinham que ser ajudadas, pois os minúsculos dedinhos ainda não tinham accionamento suficiente para conseguir sozinha acertar com as moedas na ranhura. Mas com a nossa ajuda, entre os nossos e os dedos dela, a coisa lá ia acontecendo. Com alguma ginástica e com mais ou menos tempo, as moedas acabavam encontrando o seu caminho até se ouvir o "tlim", no metal do mealheiro.

 

Presentemente, damos-lhe as moedas e ela lá vai a correr tirar o mealheiro que está num lugar certo, sendo que não precisa mais de ajuda nenhuma. Os dedinhos já estão super desenvoltos e é num instante que ela faz as moedas caírem lá dentro.

 

Também com o tempo as moedas foram tendo um percurso cada vez menor porque o mealheiro está quase cheio e dentro em pouco já não haverá espaço para mais.

 

Acontece que eu já tinha dito à Tânia que quando estivesse cheio se abrisse para comprarem algo para ela, e eu compraria outro mealheiro para substituir aquele, mas a Tânia disse que ela não precisava de nada e preferia pôr no Banco, o que achei uma óptima ideia.

 

Assim, um dia destes, cheguei lá a casa e pouco depois chamei a pequena Sofia, dando-lhe três moedas de euro para o mealheiro. Entretanto, a mãe também lhe deu mais uma e lá foi ela ligeirinha buscar o mealheiro para introduzir as moedas, o que fez num ápice. Pelo tilintar percebi que estava já cheio e disse-lhe que estava na altura de pedir à mamã para pôr o dinheiro que estava dentro do mealheiro no banco, para ela ficar com "muito dinheiro".

 

A Sofia já tem a noção de que as coisas são adquiridas com dinheiro. Já percebeu que, se quer alguma coisa, tem que comprar e para comprar é preciso dinheiro. E como eu lhe disse que a mamã ia por no Banco para ficar com mais dinheiro, não perdeu tempo. Foi a correr ter com a mãe, com o mealheiro nas mãos, a quem o entregou. Com a mãe a segurar o mealheiro, tirou a cadeirinha minúscula onde se costuma sentar para desenhar e pintar e fazer outras coisas, na sua mesinha igualmente minúscula, própria para crianças daquela idade. Puxou um banquinho do tamanho da cadeira, arrastou para fora da mesa, olhou para a mãe e disse: "mamã, põe no banco"... (!)


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