quinta-feira, 25 de março de 2010

Na TV - 15


Era Verão e estávamos de férias nos Açores. Como habituamente, passávamos com frequência na Delegação da RTP para ver os colegas e pôr em dia as novidades.

 

O Estúdio estava vazio e fomos para lá conversar, para não incomodar quem estava a trabalhar. Tinha acabado o Jornal da Tarde e em cima da mesa onde ficava o pivot estava uma folha de alinhamento de emissão ou qualquer coisa do tipo. O Henrique tinha nessa altura quatro anos e estava divertido a ver tudo.

 

A páginas tantas resolveu sentar-se na cadeira do pivot. O monitor ainda estava ligado à central, mas apenas em circuito interno. Viu-se no écran e achou graça. Começou a fingir que era o jornalista e gostou da brincadeira de se ver no televisor.

 

Para ver a reacção dele, o pai lembrou-se de lhe dizer que as pessoas em casa estavam a vê-lo. Ele ficou apavorado mas, se estavam a vê-lo, não podia dar o flanco. Continuou a olhar para o écran e entre dentes perguntou se era mesmo verdade que estava a aparecer em casa das pessoas. O pai, com ar sério, respondeu que sim, pedindo-lhe para ter cuidado com o que dizia e fazia. O coitado ficou aterrado, mas lá se aguentou como pôde, mas tinha que sair de cena, fosse como fosse.

 

E sem se fazer esperar, não quis saber de mais nada. Pegou na folha do alinhamento que estava em cima da mesa e devagarinho foi escondendo o rosto por trás da folha de papel, à medida que ia descendo e escorregando pela cadeira abaixo, até desaparecer por baixo da secretária. Estava a salvo.

 

Aparecer em casa de toda a gente, isso é que não!  



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