quarta-feira, 17 de março de 2010

A Marta - 13


A São e o Aníbal estavam de férias em Lisboa e como de costume vieram ter connosco para irmos jantar. A São passou a tarde na televisão (RTP) com a Marta, que ainda não tinha dois anos. Tendo terminado o meu horário fui buscar o Henrique à ama.

 

A Marta era uma menina prodígio. Esperta, viva, alegre, cantarolava tudo o que ouvia, era muito divertida.

 

Estávamos sentadas nos sofás da área de lazer do Centro de Emissão, onde as crianças podiam estar mais à vontade. Às tantas, a Marta, que estava sentada no chão, resolveu fazer chichi ali mesmo, num sítio onde toda a gente passava. Não contente com isso, desatou a chapinhar com as mãos e os pés. Chamei a São, mas ela estava muito bem a conversar e não esteve para se incomodar. Só ria. Fiquei pasmada com a passividade dela e pensei, quem me dera ser assim. O Henrique que tinha então quatro para cinco anos, ria da javardice que a outra fazia. Finalmente, a São levantou-se e levou a Marta à casa de banho, que era mesmo em frente ao lugar onde estávamos. Voltou com a Marta já lavada e enxuta. Assim que saíram, entrou o Henrique.  A Marta viu o Henrique entrar e foi atrás dele. Pensei: "o que é que aqueles dois vão fazer para a casa de banho?!"...

 

Passaram alguns minutos, o tempo suficiente para saírem e nada. Disse à São que os dois estavam enfiados na casa de banho, mas ela riu e não se importou, achando que não havia problema.

 

Continuámos a nossa animada conversa e os dois nada de saírem. Eu não conseguia deixar de pensar no que é que os dois estariam a tramar lá dentro. Imaginava-os a chafurdar na água e a molharem-se um ao outro. Estava super curiosa para ver o que é que ia sair dali. Mas eles nada de saírem, nem barulho, nem vozes. Silêncio completo.

 

Decididamente, algo de interessante se passava e eu precisava intervir. Entrei. Na primeira casa de banho, nada. Na segunda, os dois lá enfiados. O Henrique de pé, com as calças para baixo, a fazer chichi, com uma pontaria espectacular para dentro da sanita, fazendo um arco enorme. A Marta do lado direito da sanita, com o dedinho indicador a meio do arco, interrompendo o chichi, que por sua vez fazia um repuxo, espalhando-se por todo o lado. Ambos ignoraram completamente a minha presença, compenetrados e deliciados com a brincadeira.

 

Eu disse: "Henrique, não vez que ela é mais pequena que tu, não a deixes pôr o dedo no teu chichi". Resposta dele, tranquilo, com ar de gozo e dono e senhor da situação: "ela põe porque quer".

 

1 comentário:

  1. Que história deliciosa!
    E eu não me lembro de nada disto... bom, devo ter achado aquilo tudo tão normal que nem sequer memorizei.
    Vou mostrar à Marta. Ela então, vai ficar parva!

    Beijinho

    vamo-nos mantendo em contacto

    Conceição

    ResponderEliminar