Era
um Domingo de Inverno e chovia copiosamente. A Clara queria levar o Afonso para
qualquer sítio para apanhar ar e brincar, mas o tempo estava francamente mau. A
cada dez minutos lamentáva-se, dizendo: "que chatice, o tempo está mau, não
posso sair com ele". Além disso, o pai queria trabalhar e dava-lhe
jeito ficar sozinho em casa. E o Afonso estava por ali entretido no chão da sala.
Pouco
a pouco a Clara ia à janela e resmungava. Estava mesmo chateada, porque a
chuva não parava e ela só pensava em levar o Afonso ao jardim. Às
tantas, ele levanta-se do chão, salta para cima do sofá e em pé com os bracitos
no ar, grita: "Já sei, mãe, vamos à praia!"
Mas disse aquilo com um ar vitorioso, de quem tinha tido uma ideia genial. De facto, era, mas era uma ideia genial e inocente, incompatível com a realidade. Começámos a rir, a rir com gosto, porque para ele a praia era um lugar que estava lá naquele sítio e que tinha sempre sol, era certo. Para ele não havia dúvidas disso. E nós ríamos enquanto ele repetia: "sim, à praia, na praia tá sol!?" Como quem diz "não percebem, são estúpidas!"
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